domingo, 12 de dezembro de 2010

Araçazeiro

Coleção: Espécies que plantei.

                                                                         

Nome popular: Araçá; araçazeiro; araçá-verdadeiro
Nome científico: Psidium araçá Raddi
Família botânica: Myrtaceae
Origem: Brasil (Amazônia), Guianas até São Paulo

Características da planta: Árvores que podem variar de 70 cm a 10 m de altura, de casca lisa escamosa e copa esparsa. Folhas geralmente avermelhadas quando jovens. Flores são branca-esverdeadas.

Fruto: Arredondado, de coloração verde, amarela ou vermelha de acordo com a espécie. Polpa branca-amarelada ou avermelhadas, mucilaginosa, aromática, contendo muitas sementes.

Cultivo: Encontrado no Brasil em estado silvestre. Prefere solos secos e não é exigente quanto ao clima, resistindo a geadas.
Propaga-se Dor sementes e enxertia. Frutifica de janeiro a maio.


"Os araçazeiros são outras árvores que pela maior parte se dão em terra fraca na vizinhança do mar. A flor é branca e cheira muito bem. Aos frutos chamam araçazes, que são da feição de nêsperas, mas alguns muito maiores. A fruta se come inteira, e tem a ponta de azedo mui saboroso, da qual se faz marmelada, que é muito boa e melhor para os doentes de cãibras."

NOTÍCIA DO BRASIL, Gabriel Soares de Sousa (1587)

Falava o viajante sobre qual deles, entre os muitos araçás do Brasil? Estava ele, propriamente, fazendo referência a algum araçá ou a alguma goiaba? Ou não seria um araçá-goiaba, como é até hoje conhecida a goiaba em algumas regiões da Bahia? Difícil saber! O fato é que araçás e goiabas, em estado silvestre, são bastante semelhantes e pertencem à mesma família das Mirtáceas.

O araçá é, em geral, fruta mais ácida do que a goiaba; tem, também como a goiaba, a polpa macia e cheia de sementes sendo, porem, a maioria de suas variedades comuns menos carnuda e menos valiosa economicamente.

Além disso, existem araçás de quase tantos tipos quantas são as praias do Brasil: araçá-branco, araçá-cinzento, araçá-rosa, araçá-vermelho, aragá-verde, araçá-amarelo; araçá-do-mato, araçá-da-praia, araçá-do-campo, araçá-de-festa; araçá-de-minas, araçá-de-pernambuco, araçá-do-pará; araçá-de-coroa, araçá-boi, araçá-pêra, araçámanteiga; araçá-de-folha-grande, araçá-de-flor-grande, araçá-miúdo, araçá-mirim; araçá-guaçu, araçá-peba, araçá-piranga, araçás araçanduba; araçá comum, araçá-verdadeiro ou, simplesmente, araçá.

Esses muitos araçás encontram-se espalhados por todo o Brasil, dos campos sulinos até a floresta amazônica, de preferência onde haja umidade e calor.

Paulo Cavalcante afirma que o araçazeiro, planta de muitas variedades, vive disperso pelo país, podendo ser encontrado "tanto cultivado como silvestre, em áreas campestres ou de vegetação rala e baixa, variando extremamente no porte, desde um arbustinho de 70 em até uma pequena árvore de quatro a seis metros de altura".


Algumas espécies de araçazeiros dão frutas muito saborosas e apreciadas para se comer no "pé" e no tempo, quando amadurecem. Outros, de frutosadstringentes ou ácidos demais, apenas se prestam ao fabrico de doces que, justamente por concentrarem um sabor azedinho ou agridoce especial, são ótimos ao paladar. Destacam-se como especialidades produzidas com a fruta os doces de pasta e de corte-este último também chamado de marmelada de araçá - que, como não poderia deixar de ser, são de sabor semelhante aos doces de goiaba e às goiabadas.
Como praticamente todas as frutas, árvores e plantas, os araçás e suas folhas são também bastante aproveitados pela medicina popular brasileira.


Entre os araçás uma das espécies que mais que se destaca é o araçá-boi (Eugenia stipitata). Apesar de ser fruta típica da Amazônia peruana, onde é muito conhecida e utilizada pela população regional, sua distribuição alcança, também, o Estado do Acre, no Brasil.

O araçá-boi ocorre em árvores pequenas, quase arbustivas, que atingem no máximo 3 metros de altura. Seus frutos, de cor amarelo-canário, podem ter dimensões variáveis, mas são sempre grandes, maiores do que as maiores goiabas cultivadas, chegando a pesar até 400 gramas de pura massa. Daí seu nome popular!

A polpa é suculenta e saborosa, apesar de bastante ácida. Por esse motivo, presta-se bem mais ao consumo na forma de sorvetes, doces ou bebidas do que in natura.


Recomendações agronômicas
Cresce bem em solos de baixa fertilidade, com pH aproximado de 4,0 a 4,5 e em regiões com chuvas desde 1.700 mm até 3.150 mm anuais, e temperatura média ao redor de 25ºC.
Para a produção de mudas podem ser utilizados viveiros rústicos, feitos com estacas de madeiras e cobertos de palha.
O leito da sementeira pode ser feito com serragem de madeira, se possível semi-curtida. A semeadura deve ser feita a 1,0 cm de profundidade, com 2,0 cm entre sementes e 4,0 cm entre linhas.

A germinação é demorada, iniciando após 3 meses da semeadura, podendo levar até 1 ano para ser concluída. Para abreviar este período, as sementes podem ser descascadas com muito cuidado, com o auxílio de uma lâmina de barbear (ou outra maneira de escarificar), o que reduz o tempo de germinação) para entre 30 a 180 dias. As plântulas podem ser repicadas quando tiverem cerca de 6 a 10 folhas (ou mais ou menos 10 cm de altura), para sacos plásticos e levadas ao viveiro. A irrigação deve ser diária e não excessiva.

O plantio definitivo deve ser feito com mudas selecionadas pelo vigor e sanidade. As covas devem ter dimensões de 40 x 40 x 40 cm, utilizando-se 10 kg de esterco de curral ou 3 kg de esterco de galinha já curtido. O espaçamento no campo deve ser de 4m x 4m, o que dará 625 plantas/hectare. Nos 2 primeiros anos não mais será necessário fazer-se adubação. Após este período, indica-se 10 litros de esterco/planta/ano.

Quanto ao aspecto fitossanitário, a espécie é muito rústica. Como praga verificou-se a ocorrência de moscas de frutas (Anastrepha spp.), atacando os frutos. O controle deste inseto pode ser feito com o uso de iscas coletoras de moscas e coleta de todos os frutos caídos. Aqueles atacados, que não foi possível utilizar, enterrar a um metro de profundidade. No caso de doenças foi constatada a Antracnose em frutos, causada por Puccinia psidii. Ambos os patógenos podem ser controlados com maior aeração das plantas e puverizadas com fungicidas à base de cobre.
Colheita

O araçá-boi começa a florar e frutificar normalmente após 2 anos do plantio no campo. Com a planta bem nutrida e adequado suprimento de água, floresce e frutifica continuamente o ano inteiro. Quando da máxima produção, devem ser feitas três colheitas por semana, apanhando os frutos ainda na planta, evitando os que caíram no chão, de modo a não depreciá-los.
Os frutos de araçá-boi quando maduros são muito delicados, amassando-se com facilidade e portanto, são difíceis de serem transportados por longas distâncias. De preferência, quando se dispõe de uma grande quantidade de frutos, recomenda-se que seja feito o beneficiamento da polpa e que esta seja comercializada congelada.

 Fotos: Helder

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